Quem sou eu

Poeira do tempo

A história da minha família não está ligada a Conchas através de muitas gerações e, embora eu tenha sido registrado lá, nasci em outra cidade. Passei a infância e a adolescência em Conchas e durante muitos anos, tudo o que eu queria era me ver fora dela; o que acabou acontecendo quando vim para São Paulo estudar publicidade. Fiquei longas temporadas longe dela e de tudo o que me fazia lembrá-la.

Então, numa noite, há alguns anos, meu retorno a Conchas se tornou inevitável e nem em sonho imaginaria o quão profundamente adentraria em sua história outra vez. O meu contato, através da internet, com Toty Maya e o seu precioso material sobre a cidade, me emocionaram e me intrigaram. Também me invocou a lembrança do dia em que eu, ainda adolescente, folheava um álbum de fotos antigas do velho Pascoal Barone que, ao meu lado, dizia que aquelas eram imagens de uma cidade que já não existia e que estava sendo esquecida.


Hoje, recuperei parte dessas fotos que juntei a outras quase 3.000. Pois, desse encontro com a Toty o resultado foi uma abrangente pesquisa iconográfica sobre o CRB (nosso esquecido Clube), sobre a antiga igreja matriz (já demolida) e sobre a AAC (lugar dos primeiros jogos de futebol). E o mais importante: a descoberta de uma cidade com histórias interessantes e personagens inesquecíveis. Quando fui convidado pelo Miguel Maimone para criar a capa do seu livro de memórias e li os seus textos, isso tudo se confirmou.

Várias pessoas se tornaram parceiras nessa jornada ao passado, e gostaria de agradecer a todas que, generosamente, abriram seus baús e álbuns de família. De modo especial a duas delas que, além da querida Toty, colaboraram muito nesse resgate da história: Wilson (Baltazar) Diniz e sua esposa Claudia. Também ao Nelson Malheiro e Daniel Crepaldi pela permissão do uso de seus textos.


Pelo fato de não ser historiador, quero dizer que esse blog é a forma simples que escolhi para compartilhar um pouco desse tesouro que encontrei. São histórias, personagens e locais que fizeram parte da formação da cidade, e que estão aqui para serem lembrados antes que a poeira do tempo e o descaso das pessoas os sepultem de vez, e para sempre.


São Paulo, 28 de abril de 2011



terça-feira, 31 de maio de 2011

A Cidade em 1930

Foto panorâmica da cidade no início da déc. de 1930 (clique na foto para ampliá-la)















Conchas em 06/3/1920.
 
O perímetro urbano de Conchas textualmente de acordo com ata da Câmara Municipal em reunião de 06/3/1920 era o seguinte:


“Partindo da casa de Ernesto Facciotto na rua Paraná seguindo até a estrada que segue para o Moquém, descendo por ela até o prédio Paroquial, faz quadra e desce até a rua Minas Gerais, sobe 250 braças, desce até a rua dos Escoteiros, sobe até a porteira do Claudino da Silva, volta até a rua Mato Grosso, praça Tiradentes, faz quadra com a casa de Sebastião Manoel de Souza, segue até a estrada de ferro, volta pela estrada que vem do Baguari até a Rua Minas Gerais”.
 

Nelson Malheiro em seu livro "Em Busca de Raízes", descreve esse perímetro, que ainda permanecia o mesmo na década de 1930:
 

"Como testemunha viva desse perímetro, quase o mesmo até 1934 estando quem escreve estas linhas com 8 (oito) anos de idade, pois tais limites do referido perímetro muito pouco se alteraram. Para os mais jovens expliquemos: a Rua Paraná era a atual Rua Sargento Afonso De Simone Neto que, em 1926 passou a ser parte da rodovia Marechal Rondon caminho para Botucatu, passando pela Rua São Paulo, antes sendo tal acesso pela estrada municipal que seguia vindo pelo Beco da Estação, trecho da atual Rua Maranhão, passando pela Rua nº 2, atual Rua São Paulo, seguindo após a Rua Amazonas, então nº10, passando pelo Rio dos Lopes, outrora Rio Chicú, seguindo para Botucatu pelos altos dos Alfredo. Ernesto Facciotto era ferreiro, pai do mecânico Gaudêncio este casado com Elza Guarino falecida em 12/2006, tendo sido vereador assumindo a vereança juntamente com Milton Bismara em 05/12/1960. O prédio paroquial seria a 1ª Capela do "Senhor Bom Jesus", localizada na esquina onde fica hoje a SABESP com fundos para a casa da Rua Cel. João Batista de Camargo Barros, onde hoje reside D. Vitória Neder Murebe. Rua dos Escoteiros é a atual Rua Bahia; porteira do Claudino era uma das entradas ou saídas para a cidade de Pereiras através do Bº dos Silva, parte das terras pertencentes ao Manoel da Silva Pinto, falecido em 1892, pai do Claudino que então ali por perto tinha sua morada, ao lado de uma grande amoreira, na qual quem escreve estas linhas se deliciava com seus frutos, nela empoleirado pelas tardes fagueiras da minha infância. Sebastião Manoel de Souza conhecido fogueteiro, era pai do Hermelindo e de José Pedroso; estrada do Baguari é Rua que vem da Olaria do Tócchio passando a linha férrea." 

Início do século passado - Oficina do Menotti Faciotto (sentado). No local, hoje é a Funerária Bom Pastor (R. Sgto. Afonso De Simone). A máquina á direita dele, era uma antiga ferramenta manual usada para arquear laminas de ferro em brasa, de aproximadamente 5 a 10 cm de largura para dar durabilidade e sustentação ás rodas de madeira usadas nas carroças. (clique na foto para ampliá-la)


A construção grande ao fundo e na extrema direta da foto é a Cobrasil. O trecho de rua que aparece todo murado é da R. Sgto. Afonso De Simone. O telhado (duas águas) que aparece, de frente ao muro, é o da antiga oficina do Gaudêncio Faciotto. Em frente da oficina foi, por algum tempo, a Coletoria e o coletor se chamava sr. Hermes. (clique na foto para ampliá-la)


Detalhe de foto (rara) panorâmica feita em 6 de fevereiro de 1926, onde aparecem a antiga capela e a antiga matriz. (clique na foto para ampliá-la)

 Abaixo, sequência de detalhes ampliados da foto panorâmica de 1930


Antiga Matriz, construída um pouco acima do lugar da Primeira Capela, a qual se refere o texto sobre o perímetro urbano de 1920. A Matriz foi entregue a população em 1931 e demolida no final dos anos 1960. (clique na foto para ampliá-la)

1- Estrada que vai parao  Bairro do Santo Antonio; 2- Antiga ponte sobre o Rib. dos Lopes (antigo Rio Chicu); 3- Moinho e residência de Leonardo Sultani (ainda existente); 4- Armazém da Sorocabana. (clique na foto para ampliá-la)
"No ano de 1945, quando meu pai, Zeca Diniz, funcionário da Sorocabana, retornou de Porto Feliz, fomos residir na 2ª casa descendo a rua, que era a estrada para o Bairro do Sto Antonio. Havia perto da estação um Armazém da Sorocabana onde meu pai trabalhou." Depoimento de Wilson (Baltazar) Diniz.

1- Antiga descaroçadora de algodão (dos Palandri) na Rua Sgto Simone Neto (demolida nos anos 2000). 2- Residência e moinho dos Balarine (já demolidos); 3- Residência de Violeta e Michel Daher (ainda existente e totalmente restaurada)

1- Rua Pará, subindo um pouco mais acima é a esquina com a Rua Goiás; 2- Antigo depósito da Sorocabana; 3- Rua Goiás. (clique na foto para ampliá-la)

1- Casarão Assef, em frente a antiga rodoviária (ainda existente); 2- Local onde seria construída a antiga rodoviária; 3- Antigo CRB na Rua Maranhão (ainda existente, hoje residência de Elias Valdrighi e Jamila Caram); 4- Prédio (fábrica de algodão) ao lado do Supermercado Da Mama, no início da Rua São Paulo (ainda existente). (clique na foto para ampliá-la)

1- Rua Rio de Janeiro; 2- Casarão construído por Chico Silva, hoje sorveteria da Maria; 3- Terreno onde seria construído o Grupo Escolar Cel. João Baptista de Camargos Barros e também Serraria do Sr. Mingo Diana; 4- Estação Ferroviária (completamente abandonada); 5- Antiga farmácia da Rua Pernambuco x Rua Rio De janeiro, foi de Trajano Engler e depois do Sr Lulu Alves Lima e nos anos 70/80 pertenceu a Anielo Fontenelli; 6- Antigo Hotel Conchas, hoje loja "O Esquinão"; 7- Duas casas iguais, uma era a antiga residência do Dr. Carlos Augusto de Campos e família (anos 50/90) e na outra, a do dentista Calil Salum, mais tarde, nos anos de 1960, morou o casal Sebastien e Altina, ela era filha de Marcolino Rodrigues de Moraes (Nhô Marco), um dos primeiros políticos da cidade. (clique na foto para ampliá-la)

1- Rua São Paulo; 2- Casarão construído pelo Cel. João Batista de C. Barros, depois pertenceu a família Gorga, em 2005/6 foi restaurado, mas em 2009 sofreu completa reforma, descaracterizando-o totalmente; 3- Casa da família Guarino Marcos (ainda existente); 4- Largo de Sta Cruz e atual Pça Tiradentes; 5- Casa construída em 1918 por Delfino Ignácio Pires, antigo vereador da cidade (ainda existente no local e sofreu poucas modificações); 6- Residência de Agustinho Scalise, antes pertenceu a Cristino Gonçalez e atulmente mora Zinho Caram e família. (clique na foto para ampliá-la)

1- Casa na esquina das ruas Sgto Afonso de Simone Neto x Rua Ceará (ainda existente); 2- Casarão e antiga residência do ex-prefeito Raineiro Pastina (ainda existente); 3- Casarão antiga residência de Cathardi C. Pastina (demolida, hoje no local é o Posto Casarão). (clique na foto para ampliá-la)

1- Rua São Paulo x Rua Goiás; 2- Paineira ainda existente no alto do morro. (clique na foto para ampliá-la)

1- Casa de Ercilia Gomide (ficava ao lado da antiga Rodoviária, demolida nos anos 90); 2- ? ; 3-casa de João Valdrighi, a casa antes do n 5 era a residência de Simeão Mureb; 4- Rua Cel. João Batista de Camargo Barros; 5- Aqui moraram entre outros a família Malaquias e Zézinho Benedetti. (clique na foto para ampliá-la)
 "Morava nessa rua e, talvez, numa dessas casas, a família Simeão Mureb. A sra dele era D. Dindinha da familia Marcati, cuja mãe era amiga da minha avó e ambas ligadas a movimentos e irmandades religiosas. Lembro, vagamente, também que tinha loja a sra Zilda Guarino. A loja era de retalhos, vendia o famoso algodão Tobralco. Os retalhos eram vendidos a peso, lembro dos desenhos dos tecidos infantis." Depoimento de Antonia Rorigues Moraes de Oliva Maya (Toty Maya).


1- Antigo depósito da Fepasa e fundos da Votorantim (está sendo restaurado), durante alguns anos nas déc. 1970/80 foi sede da SMUC (escola de samba organizada pela dona Galdina); 2- Casa (demolida) na esquina da Rua São Paulo x Cel. João Batista de C. Barros; 3- Atual Padaria do Gordo, antes Bar do Sergio, depois do Antonio Luiz e depois do Airton; 4- Sobrado da família Simone (hoje loja Petillu's), foi totalmente descaracterizado; 5- Armazém do Lgo. das Máquinas (nota-se a arquitetura típca da EFS); 6- Rua Maranhão. (clique na foto para ampliá-la)

1- Rua Amazonas; 2- Roupas lavadas no Corrego dos Lopes (antigo rio Chicu); 3- Casa ainda existente no local; 4 e 6- casas demolidas; 5- Casa da família de João Petilo (demolida em 2009, foto abaixo) ; 7-Armazens da EFS ou da Votorantim; 8- Olaria dos Antoneli. (clique na foto para ampliá-la)
Antiga casa da família de João Petilo (nº 5 da foto acima), demolida no final de 2009. (clique na foto para ampliá-la)







14 comentários:

  1. Reinaldo,incrível,o número de visitantes da sua página e nenhum comentário.Estou acostumada com fotologs onde todos participam ,prestigiam,comentam,acrescentam,indagam,discutem.Enfim um retorno, de reconhecimento(para o autor) e de enriquecimento (para a história).Comento eu,estão lindas suas postagens.Cuidado , capricho e compromisso com a verdade ao passar para as novas gerações um pouco do que foi a cidade nos tempos idos.Satisfação pessoal,essa tenho certeza você conta com ela.Dever cumprido ...

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  2. Toty, obrigado por comentar, prestigiar e principalmente participar. Acho estranho também o número de visitas e os poucos comentários que o blog recebe. Gostaria mesmo de ter um retorno do que estou postando, até para saber se estou certos em algumas afirmações ou não. Qdo decidi montar o blog imaginei que também pudesse ser um espaço para se discutir e comentar sobre os lugares, personagens e fatos da história de Conchas.

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  3. E é exatamente isso - os lugares, personagens e fatos - que me prendem na leitura deste blog! Tão interessante saber de tudo isso! Eu tive uma ideia... que tal tirar uma foto atual da mesma panorâmica citada neste artigo e fazer uma comparação 2011 x 1930? Acho que seria muito interessante!

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  4. Reinaldo estou ennviando a pedido de Matias Sneider
    Senhora:



    Não sei como enviar um comentário para o Senhor Reinaldo Elias.

    Tentei enviar mas o computador "diz" que o endereço de e-mail deve ter, @.

    Encaminhei para: conchas-acidaderevelada.blogspot.com

    No endereço acima, não tem @, e por isso não seguiu.





    O comentário tem que ter no máximo 300 caracteres.

    Eu tentei encaminhar o seguinte comentário:



    "Encanta e devolve-me ao passado a maravilha deste blog. De sensibilidade incomum, torna-se uma viagem encantadora, mostrando pessoas e lugares que fizeram uma época de ouro, inesquecível !"



    "... antes que a poeira do tempo e o descaso das pessoas os sepultem de vez, para sempre."



    A senhora poderia encaminhá-lo por mim ?

    Ficaria imensamente agradecido.

    Obrigado

    Mat

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  5. Matias Schneider, obrigado pela participação e pelo incentivo. Penso que virando "seguidor" ficará mais fácil postar comentários. Grande abraço.

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  6. Priscila, boa idéia a sua. Acho que essa foto foi tirada do Morro dos Alfredo. Qdo for a Conchas vou tentar achar o local exato dela

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  7. Naldo, posta mais!!! Quero ler mais dos seus posts! São todos tão bons!!! BEIJOS

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  8. Adorei o post, parabéns...Estava aqui procurando notas de Conchas nos anos 70. Você tem alguma foto ou notícia dessa época. Mais precisamente da rua São Paulo ???
    Obrigada.

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  9. Oi Katty, infelizmente não tenho muito coisa sobre os anos 70. Especificamente sobre o que vc procura?

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  10. Prezada TOTY MAYA! Com eferência à casa à Rua Amazonas que consta ter sido de JOÃO PETILO, foi antes do suíço GERMANO WEI que vendeu para CARLOS PERCHE e este talvez para o Sr JOÃO PETILO. Também a casa da família do saudoso GREGÓRIO MARCOS GARCIA foi construída em 1918 pelo meu avô ALBINO DA SILVA PINTO.(Ver às paginas 176 e 100, desta o item 318 do nosso livro "EM BUSCA DE RAÍZES". )

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  11. Nossa passei a melhor parte da minha vida nessa cidade,saudades...uma infancia muito boa.Em segundos fiz uma viagem no tempo.Quantas historias para contar.

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  12. como e bom falar desta cidde!conheci ai alguem da familia augusto da silva.
    Que amei tanto, tanto quanto as estrelas do infinito,hoje solidao e muita saudade,lembranças que guardo dentro do meu peito de alguem que partiu tao cedo no dia 02 de novembro de 2004.Mas onde estiver lembre- se que amamos muito.
    para vc o meu eterno amoor e gratidao pelos nossos 25 anos de eterna paixao,
    meu amor etermo!.....................autora solitaria

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  13. Casa da dona Carmela . Mingo petilo

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  14. Casa da dona Carmela . Mingo petilo

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