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Rua São Paulo, esquina com a Rua Minas Gerais. Confecção de Tapete para a procissão de Corpus Christi, déc. de 1960 |
A celebração de Corpus Christi (Corpo de Cristo) surgiu na Idade Média e consta de uma missa, procissão e adoração ao Santíssimo Sacramento. Quarenta dias depois do Domingo de Páscoa é a quinta-feira da Ascensão do Senhor. Dez dias depois temos o Domingo de Pentecostes. O domingo seguinte é o da Santíssima Trindade, e na quinta-feira é a celebração do Corpus Christi.
É uma das mais tradicionais festas do Brasil e é comemorado no país desde a chegada dos portugueses.
A tradição de fazer o tapete com folhas e flores vem dos imigrantes açorianos. Essa tradição praticamente desapareceu em Portugal continental, onde teve origem, mas foi mantida nos Açores e nos lugares onde chegaram seus imigrantes.
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Detalhe ampliado da foto acima. Grupo de jovens: Déi Aude (de óculos), Nereo Parise (camisa branca e braços apoiados nos joelhos), Enidelce "Delsinha" Parise (camisa listrada e calça branca), Inez Mariano (cabelos compridos) e sua irmã Ivanez. Em pé: Julio e Yolanda Milanez |
No Brasil, a tradição de se fazer os tapetes de ruas acontece em inúmeras cidades, geralmente com voluntários que começam os preparativos dias antes da solenidade e varam a noite trabalhando.
Utilizando diversos tipos de materiais, como serragem colorida, borra de café, farinha, areia e alguns pequenos acessórios, como tampinhas de garrafas, flores e folhas, as pessoas montam, com grande arte, um tapete pelas ruas, com dizeres e figuras relativas ao assunto, geralmente focados na Eucaristia. Por este tapete passa a procissão, seguida pelas pessoas que participam com fervor.
Os enfeites ficaram mais elaborados e sofisticados quando a data passou a integrar o calendário religioso de Brasília, em 1961, antes disso eram jogadas apenas flôres e folhas nas ruas onde por onde passava a procissão.
"Não lembro qdo iniciaram esses enfeites comunitários. No meu tempo de moradora, os proprietários das residências por onde passava a procissão, colocavam toalhas bordadas, enfeites e santos nas janelas, feito oratórios, jogavam também flôres na rua. Minha mãe, eu e meus irmãos colocávamos flores na esquina da Minas Gerais com a Rio de Janeiro. Era tempo de dombéia. Em casa tinha uma árvore e a florada era nessa época. Tinha o cheiro adocicado, atraia muitas abelhas, linda mesmo." Depoimento de Toty Maya
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Detalhe ampliado da primeira foto acima. Parte do centro comercial da cidade, da direita p/ esquerda: loja de calçados "Casa Moraes" dos irmãos Mauricio e Nano Moraes, "Padaria Central" de Julio Milanez, "Foto Mafaraci" (uma das irmãs Mafaraci na janela), "Tabacaria" do Roquinho, "Casa Caram", residência da família de Espiridião "Dão" Caram, residência de Elvira e Alfredo Félix, "Bar e Restaurante" do Paxá, Banco Mercantil, um pedacinho da casa de Anita Biagione que dava aulas de bordado, croche e trico para as meninas. |
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Possível trajeto da procissão de Corpus Christi das fotos abaixo. No círculo vermelho a Matriz |
A sequência de fotos abaixo, são de duas ou três procissões de Corpus Christi distintas, todas da década de 1960. Tentei refazer o trajeto saindo da Matriz, pela Rua Maranhão, e percorrendo as ruas centrais da cidade até seu retorno, pela Rua Minas Gerais.
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Saindo da Matriz pela Rua Maranhão, do lado esquerdo, abaixo do muro, a entrada, pelos fundos, da descaroçadora de algodão, dos Palandri, com frente para a Rua Sgto Afonso de Simone Neto. Do lado direito, terreno da antiga Matriz demolida, notam-se os entulhos da demolição |
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Descendo a rua, na esquina do lado esquerdo, a casa da família Serafim e do lado direito o antigo prédio que sediou a prefeitura na déc. de 1950. Na esquina abaixo, com a Rua Ceará e do lado direito, o terraço do CRB |
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Ainda na Maranhão, a primeira casa à direita residência da família Diniz, logo abaixo o prédio que sediou o correio nos anos 1970 |
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Já na Rua Rio de Janeiro, logo acima, esquina com a Pernambuco, do lado esquerdo, farmácia de Trajano Engler, depois de Lulu Alves Lima e, na época da foto, de Anielo Fontaneli. Na esquina, do lado direito, a casa da família de Milton Ribeiro Teixeira e Elza Zanin. |
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Entrando na Rua Pernambuco, a primeira casa a esquerda, residia Dona Honorata, nos fundos havia uma capelinha onde se festejavam, anualmente, São Cosme e Damião, com muitos doces para as crianças. Do lado direito a quitanda do Dieb (paredes escuras com molduras brancas), depois do muro, a residência da família de Romolo Sbragia e Eulália Annibal |
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Ainda na Pernambuco, à esquerda, a residência da família de Francisco "Chiquinho" Paes e Accácia Neder. |
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Rio de Janeiro, quase esquina com a Rua São Paulo, na esquina, do lado esquerdo a Selaria de José Aires, do lado direito, após o muro, a residência da família Jorge e, com frente para a Rua São Paulo a "Casa dos Presentes", de Said Jorge. Ao fundo, nota-se a recém aberta continuação da Rua Pernambuco, entre as Ruas São Paulo e Bahia |
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Entrando na Rua São Paulo. A segunda moça da esquerda para a direita parece ser Graça Malaquias |
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Rua São Paulo, segunda casa à direita "Casa Progresso" de Nereo Francisco |
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Rua São Paulo, em pé e de chapéu Arlene Antunes, logo ao seu lado, sentada, Maria Odete Lopes e depois, agachado, Roney Luis Rosa |
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Rua São Paulo, no centro, de roupa estampada e ao lado de Roney Luis Rosa, Maria Helena Mendes |
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Rua São Paulo, o mesmo grupo de jovens, atrás e do lado direito, açougue do Santo Albino e, na lateral, entrada para sua residência. Nos anos 1950, era a casa da família Luis Scalise, dona Assumpta Atanasio |
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Descendo a Rua São Paulo, à direita loja de Benedita "Dita" Elias (toldo desarmado) |
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Rua São Paulo, à esquerda com portas "meia-laranja" a barbearia do Mafaraci (porta central) e sapataria do Zé de Lara (porta à direita), continuando, na esquina, loja da família Alexandre |
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Rua São Paulo, esquina com a Rua Minas Gerais, atravessando a rua Orlando e Teca Luvisotto com um dos filhos |
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Rua São Paulo, esquina com a Rua Minas Gerais, à esquerda loja de Moysés Abud, ao lado farmácia de Orlando Luvisotto e, depois, posto de gasolina de Dedê Daher |
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Rua São Paulo esquina com a Minas Gerais, na calçada, de óculos, José Alegre |
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Rua São Paulo, esquina com a Rua Minas Gerais |
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Subindo a Rua Minas Gerais, à direita, após o muro, residência da família de Amin e Olga Alexandre |
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Rua Minas Gerais |
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Rua Minas Gerais, esquina com a Rua Bahia, à esquerda residência e loja da família Daher. Terezinha Daher atravessando a rua, do outro lado o prédio da Prefeitura |
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Rua Minas Gerais, em frente a Prefeitura. Os irmãos Gera e Joana Parise enfeitando o "quadro". Foto de 1969 |
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O mesmo local, em foto colorida, Gera Parise de camisa azul enfeitando a rua. Do lado esquerdo a casa onde morou a família de Antonio "Paisano" Elias e Domingas Saroba, depois do muro (janela aberta) a casa onde morou a família Mendes, Batuba e Helena. Descendo a rua, do lado direito, Moysés Abud (calça escura e camisa branca) |
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O mesmo local em foto mais antiga, notam-se as calçadas sendo ampliadas |
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Ainda na Rua Minas Gerais, a primeira construção à direita era o moinho do Milton Alfredo |
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Grupo de pessoas no mesmo local, a primeira da esquerda parece ser Irene Sbragia Simão |
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Rua Minas Gerais, esquina com a Rua Virgílio F. de Queiroz. A casa à esquerda, na esquina, era a residência e sorveteria do Adelino Rosato. |
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Rua Minas Gerais, quase chegando na Matriz. Na extrema esquerda, em frente a residência, os irmãos Renato Sbragia (sentado) e Augusto Sbragia (em pé), após a mureta, residência da família de Simão Jacob |
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De volta à Matriz, no seu corredor central |
Reinaldo,mais uma vez eu aqui rs rs.Sinto-me as vezes a única conchense a visitar o blog.Impossível só espiar e ,não registrar e elogiar sua pequisa ,seu cuidado e atenção em levantar e trazer acontecimentos e costumes da cidade.Não vi nenhuma dessas procissões mas tomo conhecimento agora da beleza produzida pela união de todos.Passear pela cidade ,ainda com as construções antigas, um raro prazer.Valeu!!!!
ResponderExcluirToty, mais uma vez agradeço sua visita e seus elogios. Obrigado, também, por autorizar o uso do seu depoimento sobre a procissão de Corpus Christi antes da déc. de 1960.
ResponderExcluirJoao Annibale disse: "Fantástico. Me fez lembrar da saudosa Dona Emengarda (não sei se a escrita está correta), mãe da Teresinha Laurenti, que fazia trabalhos absolutamente artísticos, especialmente cálice, hóstia e anjos. Lembro-me do cheiro do pó de serra tingido de roxo compondo os cachos de uva."
ResponderExcluirToty, confesso que não faço mais comentários porque blogs são bloqueados no meu trabalho, como deve ser nos sistemas da grande maioria. Em casa, simplesmente não há tempo. E tem muita gente "mais velha" que tb não sabe mexer em blog... Eu mesma, estou aprendendo! rsrsr! Em casa, minha filha chama, o gato mia, etc, etc. Agora mesmo, a filha tá chamando! rsrsr
ResponderExcluirEste dia fica na minha memória com cheiros também, e com o frio nas mãos de pegar pó de serra molhado, nas manhãs geladas de Junho... Que delícia era encontrar todo mundo antes do amanhecer para fazer os quadros! Era, mais que tudo, um encontro para fazer valer a criatividade e a cooperação! As famílias, juntas, crianças, senhores, adultos... Todos unidos para fazer um lindo "tapete para Deus passar"! Por que é que coisas lindas assim passam? Por que é que hoje já não se tem mais esta união? Ainda bem que o Reinaldo está aqui, para resgatar estes cheiros do passado que só fazem aquecer o coração da gente!!!
ResponderExcluirFantástico!Nem tudo está perdido.Visitando o blog, vi um pouco de minha história também,a Rua Minas Gerais aonde crescemos, a antiga casa de meus pais. Pessoas,acontecimentos, prédios que estão gravados em minha memória, me sinto feliz em fazer parte do todo. Parabéns "Naldo", agora tenho a certeza que o tempo não apagará nossa origem, me sinto privilegiado de ter te conhecido e poder te chamar de amigo...Amigos para sempre, valeu!
ResponderExcluirJoão, também fiz uma "viagem" montando essa postagem. Me lembrei da nossa infância como vizinhos na Minas Gerais, a dona Aparecida, a dona Beni e seu Fued, o cinema, o moinho do Milton Alfredo e a alegria da casa dos Chafic Neder. Me lembrei, também, das manhãs em que, ao acordar, me deparava com a rua cheia de gente, unida, compondo esses tapetes lindos. Como bem disse o João Annibale: "o cheiro do pó de serra tingido" e mais o de pó de café ivandindo o nosso olfato, e as conversas de sempre: "nossa, ficou tão perfeito, duvido que o padre terá coragem de pisar". Me recordo que uma vez isso aconteceu, na Minas Gerais, em frente a casa da Dona Dalica, fizeram um quadro com o Cristo Crussificado em baixo relevo, usando areia e argila, uma verdadeira escultura. Na hora da procissão, o padre apontou para o quadro e se desviou, fazendo que o resto da procissão também se desviasse. O quadro só não resistiu ao final da procissão, onde vinha a molecada mais travessa, pisoteando onde ainda, por ventura, tinha ficado intacto. Bons tempos...
ResponderExcluirJoão Manoel Mendes tem razão... Através desta maravilhosa pesquisa e da caprichada publicação, o Naldo está escrevendo a história de Conchas! Tão gostoso passear pelas ruas... imagino a sua emoção quando, ao ampliar uma foto, reconheceu o rosto das personagens que faziam parte da Conchas de antigamente!!! Emocionante! Adorei ver a "abertura" do trecho da rua Pernambuco entre BA e SP (é por isso que ela não continua na mesma linha que antes da rua SP!!!!). A rua MG, em frente à prefeitura, parecia mais larga... era mesmo ou é impressão minha? E um último comentário: na foto em preto e branco, o Gera Parise lembra muito o Rafael (ou vice-versa). Na colorida, o Bruno. Como conchense, obrigada pelo lindo blog!!! Um beijo no coração!
ResponderExcluirEu acho que essa tradição ainda é viva em Conchas... acho que ainda existem pessoas que se agrupam para enfeitar as ruas... Mas alguém que está pela cidade pode confirmar...
ResponderExcluir...por favor?
Errei: a casa era da dona Melica
ResponderExcluirMaria José Elias Annibal disse: "Parabéns por mais esse lindo trabalho de pesquisa e resgate! Foi emocionante passear por nossa querida"Conchas antiga", rever as casas dos nossos vizinhos, encontrar tantas pessoas passeando pelas ruas. Confesso que chorei..."
ResponderExcluirQuantas saudades e lembranças desses tempos imorredouros ...
ResponderExcluirFantástico .. vc é um artista da história da nossa grande pequena cidade.. Parabéns! !!
ResponderExcluirFantástico .. vc é um artista da história da nossa grande pequena cidade.. Parabéns! !!
ResponderExcluirFotos Maravilhosas, adoro passar o tempo olhando. Pena que essa tradição está se acabando em nossa cidade.
ResponderExcluirTrabalhei num dos anos, acho que 1966.
ResponderExcluirQue resgate maravilhoso!
ResponderExcluirUma viagem ao tempo tão saudosa e cheia de vida .
Memórias que nunca serão esquecidas
Parabéns pelo seu trabalho!
Era maravilhoso muito bom relembrar
ResponderExcluirLindas recordações!
ResponderExcluirTudo muito lindo
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