Jazz Conchense, 1938. Foto do atelier "Foto Mafaraci" de Salvador Mafaraci D'Urso |
Os musicos da banda, segundo a foto acima e que retrata a segunda fase do grupo (1936 a 1942), eram: Em pé, da esquerda para direita: Inácio Mafaraci (violino); Agenor Fragoso (pandeiro); João (Joanino) Maimone (trombone de canto); Rafaelucho (Felucho) Maimone (pistão); Gustavo Teixeira da Cruz (clarineta); José (Zezinho) Benedetti (violino). Sentados, também da esquerda para a direita: Ermínio Corrêa de Almeida (Bisteis) – banjo; Aquilino Teixeira da Cruz (cavaco e banjo); Manoel Ferreira (Manoel Vigário) (violão); Gabriel de Arruda (bateria); Irineu Rodrigues (banjo); Ermínio de Almeida (cavaquinho); Alceu Teixeira da Cruz (tamborete).
Inácio Mafaraci era também barbeiro e teve seu salão na Rua São Paulo, ao lado da Casa Alexandre onde, mais tarde, abriu uma papelaria. Era filho de Salvador Mafaraci D'Urso, que além de músico era o fotógrafo proprietário do atelier "Foto Mafaraci", também na Rua São Paulo e que imortalizou em suas fotos várias gerações de conchenses. Salvador participou de antigos grupos musicais de Conchas e ensinou muita gente a tocar.
Luis Scalise; Salvador Mafaraci D'Urso; Pedro de Moraes Barros e seu filho Mauricio de Moraes Barros. Sarau musical em Conchas, maio de 1926 |
Zezinho Benedetti tinha a música nas veias, pois era filho de Ernesto Benedetti, também músico e contemporâneo do Mestre Eugênio, o maestro das primitivas bandas de Conchas. Ernesto gostava muito de música e de quase tudo que se relacionava a arte, foi a primeira pessoa na cidade a ter um gramofone em casa e também participava ativamente do grupo de teatro amador que fez muito sucesso nesses anos de 1930. Zezinho, como era carinhosamente chamado, também tocava violino e trabalhava no Correio onde era o responsável pelos malotes que vinham pela E. F. Sorocabana.
Irineu, além de músico era funcionário da prefeitura e também jogador da AAC. Era filho de Dona Honorata, descendente de escrava com sinhô branco, que construiu uma capela para São Benedito em seu terreno, onde nas alvoradas de todo dia 13 de maio, a banda "Lira Antoniana" vinha tocar.
Manoel Vigário era pai do Zezinho Papagaio outro conhecido jogador da AAC.
Jogadores da AAC, de joelhos e bandana branca na cabeça Irineu Rodrigues, déc. de 1930 |
Jazz Conchense no Baile do Algodão (ou Baile Xadrez), antigo CRB, 1945 |
Detalhe da foto anterior - B - 1- Helena Athanazio; 2- Geraldo Jaco; 3- Bezinha; 4- Mario Alves Lima; 5- Antonio Cavalini (?); 6- NI; 7- NI; 8- NI |
Detalhe da foto anterior - C - 1- Melita Serraino; 2- Domingos Pizolatto; 3- NI; 4- Zezinho Benedetti; 5- Tide Jacó; 6- NI |
Baile do Algodão (ou Baile Xadrez), antigo CRB, 1945 |
Abaixo fotos do mesmo baile com as moças vestidas de "algodão xadrez"
Na primeira foto acima: da esquerda para a direita: Dede Tonolli; Mélica Jacob; Nedy Abud; Irene Bruno Paes; Accácia Neder; Dalva Simão; Claudiana Rodrigues de Moraes. |
Abaixo, foto da Rua Maranhão, no detalhe ampliado, o antigo sobrado do CRB, palco das apresentações do "Jazz Conchense". Foto de 1950, época em que a nova sede do CRB já estava pronta, podemos vê-la na extrema direita da foto inteira, com o seu característico terraço arredondado.
Um mês antes de partir, Miguel Maimone enviou um email para mim e para alguns de seus amigos, com uma crônica, talvez sua última. Nela ele conta da saudades e das lembranças que uma música pode despertar e cita o "Jazz Conchense". Sugiro então que aceite o conselho dele, aperte o play da música abaixo (All of Me) e passeie pelos lugares que, como diz Toty Maya, "hoje são simples endereços da saudade."
"Compadres,
Vejam como me contento com pouco...Mas o cheiro, hummmm!
Sempre disse que perfumes são fabricados pelas melodias.
All of Me é uma delas, produzem cheiro.
Experimentem, fechem os olhos, ouçam, viajem, sintam o aroma. Não se
incomodem com o chiado do disco. Passem pelo posto do Dedê, padaria do
Júlio, armazem do Caram, comprem açucar mascavo com o Raé, alfaiataria
do Alfredo Felix, armazem do Simone, farmácia do Zé Gorga, Pachoal
Barone, sentem um pouco no banco, esquimo no Bar Esporte, subam a
Maranhão, Zézinho Benedetti atravessa do correio pro cinema antigo,
peguem o bumbo da Banda com o Baeta, sigam o Felucho com o estôjo do
pistão, peçam licença pro Aiba, cheguem-se mais, um pouco mais, mais
um pouquinho, espiem o ensaio da Jazz Conchense, canta Robertinho
Amaral. Sentiram?
Ué pensar, disse o poeta, é só pensar!
Não sentiu? Você não é de Conchas.
Miguel Maimone, 12 de maio de 2011