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Fotografia do largo, por volta de 1916. À esquerda a capela de Sta. Cruz e em frente, nota-se uma cruz. |
A atual Praça Tiradentes resultou de um terreno doado em 02/11/1890 pelo casal André Honorato Alves e sua esposa D. Ana Maria da Conceição à Curia Episcopal da Igreja Católica de São Paulo. Ele faleceu em 08/02/1899, com 42 anos e ela, com 30 anos, em 16/12/1899, ambos em Conchas. O terreno destinava-se à construção do 2º prédio da Igreja Matriz de Conchas.
Chamava-se "largo da Santa Cruz", por extensão do nome dado à Capela de Santa Cruz, atual São Benedito, cujo terreno foi doado também pelo Sr. André e a construção administrada por ele.
A Capela de Santa Cruz teve seu contrato de construção firmado em 04/10/1897, sendo outorgante a Comissão representada pelas seguintes pessoas: João, filho do João da Silva, este vindo de Bragança Paulista e falecido em 1892; Leodoro do Amaral Camargo e José Ildefonso Camargo Oliveira, este sendo nosso 1º professor particular das primeiras letras. Como outorgados construtores aparecem: João de Paula Mello e Francisco Antonio Rodrigues, constando como testemunhas: Joaquim Henrique e Antonio Galvão de Siqueira.
A mão de obra da referida capela foi contratada por 800$000, (oitocentos mil reis), menos o assoalho, devendo o prédio ter 20 palmos de altura pela frente da praça, 40 palmos da frente ao fundo, contando com “uma porta de seis palmos de largura, na frente, e de altura correspondente, sendo de meia laranja, folhas lisas”; a mão de obra deveria ficar por conta dos empreiteiros inclusive todo o material e madeiras, menos do assoalho fornecidos pela referida Comissão que daria as madeiras lavradas e 200$000 (duzentos mil reis) adiantados. Foi procurador e administrador da obra o próprio doador dos terrenos acima citados, o Sr. André Honorato Alves.
Abaixo escritura do contrato de trabalho que fazem João de Paula Mello e Francisco Antonio Rodrigues, operários e empreiteiros de obras, com a comissão encarregada das obras da Capela de Santa Cruz.
(Arquivo cedido por Toty Maya, clique nas imagens para ampliá-las)
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Altina e Dulce Rodrigues de Moraes Barros, déc. 1910 |
O Largo, na época de sua doação (1890), não contava com construções à sua volta, o que somente aconteceu após a criação do município (1916). O prédio de esquina, à direita de quem entra na Praça Tiradentes vindo de Pereiras, era de Delfino Ignácio Pires, antigo vereador de Conchas, que o adquiriu de José Quintino de Freitas em 19/01/1918, estando a casa que ainda se encontra no local, então em construção. Esse terreno era originalmente de Benedito Custódio de Almeida, neto de André Honorato Alves.
Na esquina da Rua Goiás com a Rua Rio de Janeiro, o terreno sem construção, onde hoje se encontra o Posto de Saúde, foi outorgado à Prefeitura Municipal em 01/02/1918, por Trajano Engler de Vasconcelos através de seu procurador Alexandre José, em causa própria, no valor de 2000$000 (dois contos de reis), sendo logo em 04/02/1918 passado por escritura pública ao Governo do Estado, para construção de Cadeia Pública o que, de fato, não se deu.
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Trajano Engler de Vasconcelos, déc. 1930 |
Na esquina em frente, o fazendeiro e boiadeiro Francisco Alves, conhecido por “Chico Silva”, construiu a casa que lá está (atualmente uma sorveteria), e que foi tomada, por volta de 1938, pelos seus credores quando de sua falência. O terreno foi comprado das antigas proprietárias: Antonia e Altina Rodrigues de Morais Barros que, por sua vez, compraram-no de Joaquim Rodrigues de Morais com uma casa velha de tábuas que foi por elas demolida. As referidas senhoras venderam à Prefeitura Municipal em 02/6/1917 (sendo Prefeito Trajano Engler de Vasconcelos), um terreno, ao lado, para abertura da Rua Goiás, no valor de 750$000 (setecentos mil reis). Não havia construção nenhuma nesta face da rua Goiás com a atual Praça Tiradentes, bem como naquela onde fica a Escola “Cel. João Batista de Camargo Barros”.
Na esquina onde fica a casa da família Guarino Marcos Garcia, a mesma não existia em 1917, pois sua construção se deu em 1918 pelo proprietário Albino da Silva Pinto, quando foi aberta a Rua Goiás em frente, cujo terreno também lhe pertencia em parte.
O Posto Policial à Rua São Paulo onde depois ficou o escritório e transformadores da Companhia de Força e Luz de Tatuí (atualmente bar Balde Branco), também não existia em 1917. Como se pode notar, a Praça Tiradentes, então Largo da Santa Cruz, passou a ser povoada a partir de 1918, com o desenvolvimento do município recém criado em 05/12/1916.
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Francisco Serraino, foto final da déc. 1920 |
Os anos se passaram foi instalada a Câmara Municipal em 25/01/1917 e o “Largo da Santa Cruz’ não teve a destinação para a qual foi doado. Logo em 05/6/1918 o Sr. Francisco Serraino, membro da comissão encarregada da construção da nova igreja a ser edificada no centro da referida praça, solicitava ao Presidente e Vereadores providências. Que algumas árvores plantadas na mesma, sem autorização da Mitra Diocesana, fossem arrancadas.
A Comissão para construção da nova matriz, aprovada pelo Bispo D. Lúcio Antunes de Souza, de Botucatu, em 02/02/1915, era assim formada: Pres. Justino Stein; Vice- Albino da Silva Pinto; 1º e 2º Secretários, João Pedro de Arruda e Alberto Pereira Ignácio; Tesoureiro- Bernardino de Biasi; Procuradores- Quirino Antonio Eusébio, Francisco Serraino, Benedito Alves de Oliveira Santos e Alexandre José; como membros auxiliares: João Pastina e Nicolau Marcati. Esta comissão não funcionou, pois parte dela desejava que a Igreja fosse construída no Largo da Santa Cruz, atual Praça Tiradentes, e a outra onde foi de fato construída, no terreno onde hoje se encontra a Praça Municipal à Rua Minas Gerais, em frente a atual Matriz.
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Bispo D. Lúcio de Souza. * 13/4/1863 + 19/10/1923 |
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O bispo diocesano em visita pastoral à nossa Paróquia em 08/5/1920, por certo tendo chegado ao seu conhecimento o que se passava, constatou pessoalmente que se estavam abrindo alicerces para duas igrejas em Conchas; chamou à atenção dos responsáveis, dando-lhes um puxão de orelha, aconselhando-os a se unirem em esforço comum por um mesmo empreendimento, em benefício da comunidade.
Abriu mão das suas pretensões o grupo que desejava ter a Igreja Matriz construída no Largo da Santa Cruz, liderado por Francisco Serraino e Albino da Silva Pinto. Estes, atendendo à recomendação do bispo, acataram-na, embora contrariados no desejo de terem a matriz perto de suas casas. Na casa que hoje pertence a família de Antonio Marcos Guarino Garcia, residia o Albino que a construiu em 1918 com todo o conforto e, desgostoso, se mudou para Laranjal Paulista, alugando-a a Cia Brasileira dos Correios e Telégrafos; residiu aí como Agente D. Josefina Tonolli casada com o Sr. Ernesto Benedetti, este com a função de estafeta (termo da época para a função de "carteiro").
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Josefina Tonolli e Ernesto Benedetti, déc. 1910 |
O Sr. Francisco Serraíno, não menos desgostoso com a política local, de acordo com publicação no jornal local “A Ordem”, de 30/4/1922, pôs à venda sua chácara à Rua Mato Grosso, com 2 alqueires de terra contendo 2 mil pés de videiras e mais 500 árvores frutíferas, alegando como motivo, mudança. Este intento não foi realizado, o que não aconteceu com o Sr. Albino da Silva Pinto que, de Laranjal, só voltou a Conchas para morrer, em 16/11/1933.
De frente para o Largo da Santa Cruz, ao lado direito da casa construída por Rafael Guarino, ficava a Igreja Presbiteriana Independente de Bela Vista de Tatuí, representada pelo presbítero Francisco Novais, área que lhe fora vendida por Calixto José e Maria Chaguri em 10/11/1917; estes doadores em 1945 de um terreno para ampliação da Igreja São Benedito (antiga capela de Santa Cruz).
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Largo de Santa Cruz, visto da esquina da Ruas Goiás x São Paulo. Na foto José Leonel na direção do primeiro automóvel de praça da cidade de Conchas, 1922. |
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Coreto na praça da antiga Matriz de Itapetininga |
Em 09/4/1917 foi apresentado na Câmara um projeto para construção de um coreto no Largo da Santa Cruz, orçado em 150$000 (cento e cinqüenta mil reis), sem que a praça fosse legalmente um bem público, o que só se daria em 12/5/1934, com a doação feita pela Cúria Diocesana de Sorocaba ao município. Entretanto, no centro da praça, foi construído o coreto e podemos testemunhar que por volta de 1934, houve retretas da nossa banda no referido coreto, este semelhante ao da nossa atual Praça Municipal, mas era mais parecido com o encontrado, ainda, na praça da antiga Matriz de Itapetininga. Lá está um coreto restaurado semelhante ao nosso que os poderes públicos, respeitando a memória da cidade, houveram por bem conservá-lo. O nosso foi demolido, como aconteceu com o 2º prédio da Matriz do Senhor Bom Jesus, inaugurado em 20/01/1931; o coreto em questão tinha um pavimento térreo onde os jardineiros guardavam seus instrumentos de trabalho e por onde os músicos adentravam o andar superior para as retretas.
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Foto provavelmente tirada após 1945, qdo foi feita a reforma da capela de Santa Cruz. No poste, à direita, o alto falante |
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Nelson Malheiro, extrema direita, foto final déc. 1930 |
"Quando criança, por volta de 1933, brincávamos na Praça Tiradentes já com as muretas que o cercam ainda hoje. No centro havia um coreto semelhante ao que se encontra na Praça Municipal, em frente a atual matriz, embora com piso mais alto pois que os músicos adentravam ao mesmo, por uma escada interna, para realizar a costumeira retreta aos domingos. Ao lado uma grande árvore, “fícus”, em que brincávamos balançando em seus galhos e usando dos seus falsos frutos como se fossem balas, nas brincadeiras de guerra. Também como balas tínhamos as castanhas dos inúmeros jacarandás paulistas, dos quais temos ainda alguns remanescentes. Além dessas brincadeiras infantis na juventude líamos romances, deitados num canteiro de grama mato-grossense, remanescente de um antigo trabalho sem êxito para implantação do jardim público; à noite lá ficávamos até tarde filosofando, contando e ouvindo causos os mais variados possíveis, adquirindo conhecimentos sobre vários assuntos e inclusive sexuais, nem sempre corretos, dos mais velhos e sabidos.
A Praça Tiradentes, como o terreno onde está a Escola Cel. João Batista de Camargo Barros, era local ocupado pelas companhias circenses que ali armavam seus circos, proporcionando lazer e cultura ao povo. Lembro-me com saudade, dentre outros, do grande “Circo Ataíde” com seu globo da morte que aqui esteve quando perdemos a copa do mundo na Itália, onde brilhou o então “fenômeno” Leônidas da Silva com as suas inacreditáveis bicicletas; e o Teatro “Irmãos Queirolo” que ali permaneceu por mais de um mês, apresentando peças teatrais que despertaram muito interesse e agrado à nossa comunidade." Depoimento de Nelson Malheiro
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CIRCO QUEIROLO: O tenor lírico uruguaio Giacomo Queirolo vai estudar na Itália e acaba arrumando um emprego de cultor de bel canto num circo. Um de seus onze filhos, José Carlos Queirolo, se casa com Petrona Salas em Buenos Aires, na Argentina, e têm sete filhos, entre eles Alcides (que, por sua vez, é pai do palhaço Ripolim, Alcides Serrat Queirolo), José Carlos (o palhaço Chicharrão), Julian (o clown Harris) e Otelo (o palhaço Chic-Chic). Com a morte do patriarca da família, a mãe Petrona resolve montar uma grande trupe, os Irmãos Queirolo, que chega ao Brasil em 1912. Numa temporada em Bagé, no Rio Grande do Sul, em 1915, José Carlos Queirolo cria o palhaço Chicharrão, nome tirado de um personagem de quadrinhos publicados na revista argentina Caras y Caretas (Biruta e Chicharrão). O excêntrico cria a imagem que irá prevalecer entre seus futuros seguidores, entre eles Piolin, a do palhaço com chapéu coco, colarinho largo, sapatos enormes e bengala grossa. Chicharrão foi ainda o criador de números antológicos, entre eles o da “barata sorumbática” (um carro de madeira com um cachorro preso ao chassi que, para andar, tentava alcançar um osso pendurado numa vara conduzida pelo palhaço) e do “idílio dos sabiás” (pantomima em que a dupla de palhaços encena o namoro dos dois pássaros a partir de um diálogo de assovios), número que celebriza Piolin, seu discípulo e substituto no Circo Queirolo. |
Abaixo, série de fotos do antigo Largo da Santa Cruz, antes do ajardinamento feito em 1950 pelo então prefeito Marquinho Moraes e que o transformaria, à partir dessa data, em Praça Tiradentes.
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Melita Serraino Pizzolato e prima, 15/6/1930 |
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Melita Serraino Pizzolato, à direita, o casarão construído pela família Gonçalez, 16/6/1930 |
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Ozias Sousa Lopes, ao fundo a igreja de Sta. Cruz, antes da reforma, 1943. Essas muretas foram aproveitadas quando o largo foi ajardinado e transformado na atual Praça Tiradentes, em 1950. |
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Ozias Sousa Lopes e, sua noiva, Dora Simão, 1943. Ao fundo e ao lado esquerdo da capela, o suporte com o sino. | | |
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Jovens na mureta do Largo da Santa Cruz, déc. de 1940. Nota-se que a igreja já passou pela primeira reforma. A casinha bem pequenina, do lado direito do muro onde hoje é a continuação da Rua Rio de Janeiro, era de Nhô Armandão, e a extrema esquerda, de Mario Alves Lima. A moça da direita é Maria Emilia Moura. |
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Ferrucio Tonolli, Enedina Anibal, Maria do Carmo Tonolli e a menina Teresinha Sbragia, final da déc. 1940. |
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Carro de boi no Largo da Sta. Cruz, visto da esquina da Rua Rio de Janeiro, 1945. |
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Visita do engenheiro Caio Dias Baptista, que ocupou o cargo de secretário de Viação e Obras Públicas no governo de Adhemar de Barros. Ao fundo e à direita, o Grupo Escolar Cel. João Batista de Camargo Barros, final da déc. 1940. |
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Fued Alexandre (na direção), José Elias "Gorducho" (ao lado) e amigo (atrás), déc. 1940. Vista do mesmo ângulo da foto acima. |
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Ozias Souza Lopes, primeiro à esquerda, e amigos, 1943. |
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Severino Paes, Irene Bruno Paes e a menina Suely Souza Lopes. Ao fundo Rua Mato Grosso e à direita Rua São Paulo, final da déc. 1940. |
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Pesquisa e consulta: Malheiro e Crepaldi "Em Busca de Raízes" - Toty Maya "www.conchasmemorias.com.br"